terça-feira, 12 de junho de 2012

Por baixo.
















Por baixo de tudo o que visto
torno-me como quis
antes de nascer:
meus ossos no lugar
sustentam com pouca destreza
a criatura que tento ser

Meu cabelo emaranhado
e barba mal feita
mal arrumado
e meio besta
sou menos comum

Somos dois emaranhados
representações afobadas
arranjos entrelaçados
de duas euforias engraçadas

Nosso corpo
feito de coisas palpáveis
são desculpas plausíveis
de um par de sopros

Pois, por baixo de tudo o que vestimos
somos só o que se pensa
e é por isso que se inflamam
as estruturas de carne e osso
em um momento lampejante
de duas idéias que se amam.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Celebrare sapienter.





















Quatro correntes de ar
entre os cinco dedos de cada mão
até que sejam rédeas novamente
os versos são sem fim justo

Embaixo de um sabor
sob a forma de chapéu
quase que estou protegido
pelo gosto de chocolate com licor

Porque o universo pode ser fruto:
grande nostalgia
de um tempo que jamais houve
passado aleatório
que hoje nos é presente

Toda fé sem foco é real
pois tal é a fé: sentimento desbotado
são as fotos de sépia
os recados não dados

Até que se levanta a cuja
a idéia cabal
com poeira
ardida em conserva e sal

Para ser arauto do equívoco
e alarme do propósito
os deuses esvaíram-se
e desde o princípio
são um pensamento oco

Para, enfim
apresentar-se o fluxo:
quando toma rumo, o instante oriundo
de volta para o relógio
as horas alimentam-se em revesamento
do único segundo do mundo.