quarta-feira, 25 de maio de 2011

O equivoco.


Quando o sistema é falho
o erro é terceirizado
a culpa, distribuida
o dinheiro, lavado
o sono, mal dormido
as horas, mal passadas
o testa-de-ferro, demolido
os juízes, extraviados
o ideal, vendido
o valor, comprado
o usuário, iludido
e o negócio, fechado:
a esperança amadurece
o ser humano não é
e a novidade está atrasada.

terça-feira, 3 de maio de 2011

A alteração.




















Em um estudo metódico
foi alimentar, sair de casa
trabalhar e viver entre cada instante desses - e até agora
sem motivos comprar uma cerveja cara no posto nada conveniente
em cima da Avenida das Américas
que passavam carros laminados
cortando o ar sem por quê
que peguei uma carona
e parei na Dias da Cruz
onde passei sem fome pela padaria
e estacionei eufórico entre meus semelhantes
para misturar vinho vodka e cerveja, um pouco de cada
dentro do mesmo estômago
e antingir níveis indecifráveis de consciência
sem qualquer contagem progressiva
inventar dialetos indizíveis
e depois expulsar tudo em forma de desespero
para tornar possível o entendimento
e ver o que a mente fez com meu corpo - eterna marionete do viver.

domingo, 1 de maio de 2011

Atropelamento retilíneo puntiforme.

Palavras pesadas











Comecei acordando,
e já na hora de sair,
fui correndo, aos poucos, e com pressa
com sono, com muita vírgula, com controle
cheguei no ponto, que era do ônibus
e fiz sinal, com a mão
que, sem querer, pro alto apontou
foi quando vi um traço rápido,
um corte na estampa atmosférica,
e não sei o que é, até agora,
mas acho que aprendi, se me permite explicar
e deixei de lado as vírgulas
tanto que só uso algumas
até quando não precisa: ,
sendo assim e tão rápido
aprendi controladamente a perder o controle
e sair correndo pro ponto do ônibus e trem das sete
para o táxi de qualquer minuto e a barca do cais
para a corrida para o abraço girante que não para
gira no giro da virada na esquina
e o abraço no fim é despedida
agora minhas vírgulas na gaveta
pegam poeira e estão usadas
velhas retorcidas
amareladas
para até que em fim e exausto
meu ponto final tenha sentido.
e que seja humilde e reconheça
a avalanche progressiva
de mil e tantos caracteres alucinados e tropeçantes
trotando como loucos sem estribeiras
para a historia inebriante
que existe no ponto de partida