
Se cheio de vontades sou
atropelo vários tempos
carregando o que restou
sem livrar-me do que penso
Talvez por muito não poder investir
acumulou-se em mim, de tal forma
que grifara a palavra "existir"
Se por uma parede
desde muito, a onda é interrompida
não sei se o azar é da onda
ou da parede dolorida
Se por meus olhos
o que vejo é demasiado proibido
não sei se o problema é do que vejo
ou do mundo em que vivo
A vontade da minha mão
não é formada por vícios do que já encostei
quero de bom, o que ainda não tive
abrindo a mão, tenho tudo o que criei
fechando os olhos, tenho tudo o que vive
Outro dia fui andando
encontrando pessoas
abrindo portas
Abracei alguns
falei com outros
me assustei, me diverti
Terminando os cumprimentos casionais
vaguei a esmo
e pude acordar na minha cama
abraçando a mim mesmo.