quarta-feira, 14 de abril de 2010

A Lua, que Lua.















E o mundo não cansa de ser redundante
a chuva molha no molhado dela mesma
e o bêbado alucinado errante
festeja sua festa com cerveja

Nem a rua
ou mesmo a calçada
percebe a Lua
que na Ana, nasceu incrustada

Todo dia nova
ou metade feliz
tem por inteiro a graça
como o próprio nome diz

Reclamam da distância
mas quando enguiçam na estrada
é a Lua distante
que se mostra ilustrada

Separar, nem se tenta
A Lua com a Ana, está conectada
A Ana, no céu dos errantes
e a Lua, de brilho, lotada

E ainda que eu tente
desunir com força
esse nó arcaico
é inútil, pois
Luana tem coração parte Hebraico.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O anônimo.

















Devido aos direitos daquele que depõe, não será dito nome próprio algum que faça menção, direta ou indireta, ao mesmo. Dessa forma, chama-lo-ei de anônimo.
Anônimo despertou seu interesse pela ciência aos poucos segundos de idade, quando nem mesmo sabia quem era ele próprio. Anônimo, por falta de força maior, resolveu ser forte em si só. Anônimo, por falta de se expressar, espalhou-se anonimamente, dando anonimatos animados por todos os lugares. Anônimo, então, baseou-se na satisfação de uma unidade maior para a concretização de sua felicidade. E ninguém jamais viu, ouviu, ou sequer encostou em anônimo. Anônimo era irreconhecivel, não importando a cor de sua blusa, de suas calças. Anônimo era inevitavel e indiscutivelmente, invisivel.
E a todo momento, anônimo procura anonimar-se o máximo possível, mantendo assim, sua satisfação, como sendo a de todos juntos, em uma só satisfação. Anônimo alcançara uma solidariedade tão grande quanto sua carência. Anônimo era triste por só ter o dom da criação. Pensava ser um gênio, mas preferia ser modesto e passar essa genialidade adiante. Anônimo era brilhante! Anônimo, anonimamente, felicitava o interior de suas criações, e quando sentiam-se felizes, agradecendo sem rumos, anônimo ficava em silêncio e, modestamente falava: jamais fiz algo. Felicidade é um merecimento nato de todo vivente. Sou feliz por viverem, enquanto vocês vivem por serem felizes. Não desejo que me enxerguem, pois eu já enxergo vocês. É por isso que vivo.
Era visível o vazio interior de anônimo. Vasto, deserto, amplo. E então conclui-se que o nada, é o tudo em potencial. Anonimamente, no lugar de lamentar-se por portar tal vazio, anônimo esvaziou-se do vácuo, expulsando existência e comodidade para todas as direções. A felicidade só passa a "ser" fora de anônimo. Dentro ela é nada. A felicidade de anônimo, é a felicidade alheia, somada, dividida e multiplicada. Por seu vazio, jamais, coisa nenhuma esteve em anônimo. Mas anônimo sempre esteve em tudo, anonimamente.
Devido aos direitos daquele que depõe, não será dito nome próprio algum que faça menção, direta ou indireta, ao mesmo. Dessa forma, chama-lo-ei de Deus.