quarta-feira, 20 de abril de 2011

Análise da eternidade - um ensaio sobre a abstração.

Pensando Alto


















Entendo por ser humano, o ser que é construído de forma ritmica e aleatória, originário de movimentações caóticas de diferentes dimensões - dentro e fora do tempo - e que tem como principal característica, conectar o universo com o mundo que construiu, utilizando a mente que, por sua vez, expressa em forma de sentimentos tudo aquilo que foi criado na conexão instantânea do corpo com o universo que o cerca, embarcado na consciência.
Seres humanos vivem em grupos e compartilham informações e sentimentos uns com os outros.No compatilhar de informações e sentimentos, o próprio homem criou - com fundamentos deduzidos por ele mesmo - regras, protocolos que padronizam a existência social, dita como a intensa relação entre cada indivíduo com todos os outros, e com ele próprio. Todavia, a construção de regras é, ao mesmo tempo, a criação de exceções. A gênesis daquilo que é construido pelo homem tem essa característica intrinseca de nunca ser absoluto. O padrão, o original, o objeto real, o foco, vem sempre acompanhado de seu inseparavel e inevitavel segundo valor - o complemento. O complemento é a expressão do universo, tremendo resquício da ação com que a natureza (o correr natural dos fatos) age sobre o que nasce dentro dela. Assim como a água transborda de um recipiente onde algo mais é inserido, a relatividade é a resposta do universo para cada pergunta que formulamos, cada objeto que criamos, cada estudo que idealizamos. O excesso, o transbordado,a outra parte da natureza, fica subentendida entre o nada, perdida no tempo. O ser humano tem como a mais divina obra, resgatar a expressão da natureza em relação às nossas criações, à nossa existência, e encaixa-las com a pequena realidade de nossos mundos, nosso entendimento. Existem pequenos encaixes, onde é possível ter um entendimento abrangente e momentâneo,pequenas epifanias, que podem ser alcançadas no cotidiano.E existe "O encaixe",que é a emancipação total e irreversível da mente, onde ela atinge o tamanho do infinito, e funde-se com o universo, jamais criando o individuo novamente. Nesse estágio de ser humano,o entendimento é de que não somos mais um caminho entre ser e universo, mas sim, somos o proprio universo. O homem deixa de ser conexão, e passa a ser ação. E assim - um dia - dançaremos conforme o vento que sopra entre as estrelas.
Com tudo dito até então, a criação, do modo mais genérico, é uma marcação, um tópico, um limite. A mesma epifania que cria o limite, a regra para padronizar e otimizar as complicações entre as relações humanas, é a epifania que tranca o homem dentro das fronteiras criadas - subliminar e consequentemente - por essas regras. E se o homem não dirige seus olhos para fora, é trancado pelo próprio calabouço. Esse é um exemplo pequeno, mas funcional, de que a maior parte - se não todos - dos problemas na sociedade, é criada pelo próprio ser humano. A evolução do ser humano está no caminho abstrato de transformar a conexão em ação.
Todo caminho a ser percorrido, assim deve ser feito com afinco e perseverança. E para provar mais uma vez a não absolutividade das coisas, a natureza se expressa com seu complemento: para ser o universo - através da mente - é necessário abandonar o corpo, mesmo que por instantes. Para viver o todo, deve-se começar por partes. Quando o homem mergulha inteiro em sua mente, recebe de outros seres que compartilham relações, titulos derivados do não cumprimento dos padrões e regras sociais. Erroneamente, o homem introspectivo, em profundo exercicio de ação, pode ser confundido como egoísta. E que seja egoísta, ao menos nesse ponto.
Hei de ser perdoado, pois qualquer ser que comporte galáxias em sua mente, será absolvido de intenções egoístas. Viajo trilhões de anos-luz daqui, rumo à visão privilegiada do todo. Quando ultrapassar as fronteiras que separam mente e ação - no seu sentido mais intrinseco - é certo que retornarei ao meu corpo, para expressar através de nossas pequenas palavras o quão imenso é o universo, e o quão desconfortável é ter a mente menor que Ele. Quando o universo todo - para além das galáxias e do tempo - couber em minha consciência, a criação de planetas fará meus olhos piscarem; a fornalha das estrelas queimará meu coração e ferverá meu sangue; e todos os sons terão todas as cores; e eu serei a ação; e eu serei a dança; e eu não terei mais perguntas; e o céu será meu chão. Enquanto isso, caminho com a mente de portas abertas, como um solo fértil sujeito a germinar qualquer semente que nele caia. É imensurável o ato de ser, imensurável ser o que sou. Agora encerro dizendo que carrego um pequeno motor entre os pensamentos. Um motor com algumas galáxias que - de fato - vivem em mim. Em mim o universo expressa o que quer dizer sobre ele mesmo. Sou um diálogo metafisico ambulante. E no fim, toda a nossa inteligencia torna-se risível. É tempo de ser humano.

2 comentários:

Karoline Freitas disse...

Você é genial. Sem mais!

andre rezende disse...

Ufa....como vc conseguiu obrar isto? Vertiginoso.
Carl Sagan levantaria de sua propria tumba, vestido de Ney Matogrosso, para lhe abraçar, se pudesse.