domingo, 21 de julho de 2013

Projeto circense.
























Debandou enfraquecido
o espírito rodopiante
que saltitava, dançarino
nos quase-meus versos entoantes

O violão do Chico ficou mudo
e alguns amigos meus, poetas
dançaram um som preto e branco

Pude conhecer os postes
que sobem as ladeiras do morro
passeei ainda manco
numa íngrime escadinha
uma porta apertadinha

O céu de Julho pintou
Saturno e Marte, em miniaturas
salpicando em multicores
nossos copos quase vazios

E as madrugadas agora
exibem vestidos coloridos
convidam para uma dança, uma noite
embriagados de limão
embebidos no sal
as doses são precisas

Uma lona que desfila
nove palmeiras enfileiradas
contrasta com a multidão
e faz pequena minha dor

Enquanto levanta voo, o circo
desce pelas pernas
o calor de todos os problemas
é quando devolvo ao magma o que é quente
e deixo dissolver as pedras

Que nesse barco eu não vou, não
porque os marujos não permitem
 - ainda que a deriva -
que meu navegar seja em vão

Na sala listrada
a consciência espia
os pensamentos em quarentena
e eu ascendo embriagado
banhado em lucidez

Porque Julho bem me disse:
só se vive uma vez.

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