terça-feira, 25 de novembro de 2008

Mundo de louco, meu mundo


















Havia eu, uns ladrilhos e um telhado. Havia eu, só eu, sem frente, costas ou lado. Havia eu
ali, por ali por aqui, por lá, havia eu em qualquer lugar. Dentro e fora das multidões, havia
eu com muitas ou sem razões, no fundo sempre, sempre houve eu. No fundo, nunca houve um mundo meu, destinado ao meu nome, um mundo meu. Houve sim, o que eu fazia ser meu, criando limites, conjecturas, ditando regras para mim mesmo, esse era meu mundo. Mas sempre quis quebrar as regras que ditei, sempre quis desligar-me do tal mundo que criei. Como um louco, me emaranho nos pensamentos duvidosos que crio todas as vezes em que quebro minhas regras, malditas regras. Como um louco, vago por entre minhas lacunas na mente, caminhos dopados de insanidade e consciência, lotados de uma insegurança aflita que me põe de frente com a vida. E entre as insanidades, a pior de todas é a desigualdade, seja em que for, o desigual é tão desagradável quanto o próprio nome.
Mas para a infelicidade da minha consciência, percebi que jamais serei são, jamais serei lúcido ao ponto de entender o mundo. Deixarei que meus olhos tontos e desesperados encontrem por entre meu andar algo igualmente desesperado, querendo também, me encontrar. Das loucuras
mais loucas minha mente é construída, e quando me falta parte do coração, loucuras engatam nos
buracos e brechas retomando - mesmo que de forma torta - parte dos sentidos que me faltavam, e assim o tempo levou consigo todos os pedaços. Hoje, então, meu coração é louco, louco de inseguro, louco de imaturo, louco de tudo. A loucura já percorre meu corpo de tal forma, que não há mais jeito que possa reverter a situação, estou louco e pronto. Não há duas vozes, pois não existe eu e a loucura. A minha voz é a voz da loucura, que já nem é minha, é de quem quiser ser louco.
Inesperadamente, depois de ser completamente substituido pela loucura mais consciente possível, fui alvejado por um estado de desequilíbrio harmônico, que por ser desequilíbrio, não deixa de ser louco, e mesmo assim, essa loucura ainda é pouco.
Havia eu, sempre houve. Mas então, a favor da minha loucura, a importância surge nos meus sentidos, e eu já nem sei o que é sentido, pois vejo o que sinto, degusto o que tenho em mão, e numa salada dessas, perco a noção do que de fato é verdadeiro. Como pode uma pessoa, ser para alguém, um mundo inteiro. Esse sim, meu mundo, presente de louco, vidração, aflição, coisa de louco. Meu mundo, lugar que não vou, lugar que quero ser, lugar que não chego, lugar que sinto, percebo. Sou louco. Me deixe ser louco, com esse meu mundo de louco. Quero ser esse louco, agora preso, não mais solto, preso nesse meu mundo, meu mundo de louco.

Um comentário:

Karoline Freitas disse...

" Mundo de louco, meu mundo"....
Às vezes, acho que você está me enganando. Não é você que escreve esses textos mesmo, não é? HAHAHAHA Lindo texto... Vejo que você cresceu espirituosamente nesse tempo... E está incrível cada dia mais... Mas falando do texto.. Legal a rima que vc deu a prosa... Isso é um recurso legal. Dá musicalidade à prosa, que , por vezes, fica monótona. Tá lindão. E quanto ao tema. Perfeito. Mundo louco, seu mundo não é nada que não seja novidade para você, sempre tão louco , no seu mundo... e isso me assusta.. me faz crer que de você nada sei ainda, embora já ame pouco de tudo que nada sei.. Amanhã leio os outros mais.