sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O mergulho.




















É na curva que me perco
nos caminhos arrepiados
nos lábios sedentos
no mergulho entre os seios
seja com os olhos
seja com as mãos, nos seios alheios

Um mergulho que - a princípio - sem volta
me renova, me alimenta
não quero a superfície, quero a revolta
quero aprender a respirar aqui
bem no fundo
é loucura, é o mundo

É a pele, a cor, a fragância
sem erro, dor, ou arrogância
é um mergulho numa reta
o fundo é um palmo meu
e lá eu moro
fecho os olhos, já que é breu
e esqueço toda ciência
meu raciocínio foi banido
ele grita fora de minha essência

E só ouço murmúrios
que nem fazem sentido
sou um pedaço de vontades
desejos e perigos
me movimento de acordo com as verdades
olho para o alto
e a superfície é um sonho, totalmente abstrato

Busco com mil braços uma resposta
e as curvas me dobram, redobram, desmontam
minha intenção está exposta
busco com dezenas de suspiros
busco algo que esteja escondido
sou um lamento mínimo
no meio de um vasto prazer
sou o que, diante a isso, só pude querer

E o corpo que antes não era meu
me traga, para que eu o possa ser
não é onda, não me cansa
e ao me ter
torna-se comigo uma unidade
sou uma lâmpada acesa
no meio de uma cidade

Posso esvair-me aqui
desunindo-me do um, de mim mesmo
mas a magnetude desse brilho
ecoa como um gemido, para sempre propagado
pelo momento em que pude renascer
procurando, louco, algum apoio ao lado
sem saber que nesse mergulho
eu seria afogado.

2 comentários:

Unknown disse...

Muito bom! Parabéns pelo blog, lek xD

Unknown disse...

Adorei, vc escreve mto bem....o restante tbm já escrevi pra vc. O q importa é q eu me encontrei em algumas frases, me perdi na magia da sua escrita e não me arrependo nem um pouco de ter viajado em poucos minutos.