sexta-feira, 13 de abril de 2012

Celebrare sapienter.





















Quatro correntes de ar
entre os cinco dedos de cada mão
até que sejam rédeas novamente
os versos são sem fim justo

Embaixo de um sabor
sob a forma de chapéu
quase que estou protegido
pelo gosto de chocolate com licor

Porque o universo pode ser fruto:
grande nostalgia
de um tempo que jamais houve
passado aleatório
que hoje nos é presente

Toda fé sem foco é real
pois tal é a fé: sentimento desbotado
são as fotos de sépia
os recados não dados

Até que se levanta a cuja
a idéia cabal
com poeira
ardida em conserva e sal

Para ser arauto do equívoco
e alarme do propósito
os deuses esvaíram-se
e desde o princípio
são um pensamento oco

Para, enfim
apresentar-se o fluxo:
quando toma rumo, o instante oriundo
de volta para o relógio
as horas alimentam-se em revesamento
do único segundo do mundo.

Um comentário:

Karoline Freitas disse...

Quanto tempo, não?
Gostei muito do post, mas confesso que li num péssimo momento. Estou com sono, só isso, amor.
Enfim, fazendo minha análise. Você escreve bem. No entanto, particularmente nesse texto, você teve astúcia de colocar, em forma de letras, a sua desconfiança e dúvida.
Vi que sua confusão e curiosidade encheram as palavras. Engraçado, elas também se tornaram tontas e lesmas.
Temo que essa tempestade faça de ti alguém gelado. E pior, mais gelado do que já é seu ser.

Suas palavras se encaixam, em perfeito sobretom.
Uma sobre a outra, transformando-se num lindo arco-íris escuro.

Achei o poema soturno, mas a beleza está nele, da forma o qual foi feito.

Sempre assim, astuto, firme.

Eu gosto das suas palavras.
Eu amo você!