terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Apolo treze.

















Me queima o omoplata
e some certo na decolagem
na correnteza vai-se a cabeça
boquiabre-se maxilar primata
no início da viagem

teu violão de quarenta anos
venero como paisagem
me toca as cordas vocais
sem querer canto rouco
num timbre selvagem: urros vogais

na estratosfera assisto louco
meu corpo virar imagem
já desprendidos de mim
pedaços aleatórios
de toda aparelhagem

sou corda sem timbre
paralisada assim
prolongo ao redor da Terra
porque me vibra o mundo
no meu filme-ideia sem fim

protótipo sem destino
mal vou lembrar
do meu corpo todo dormente
só volta à Terra o módulo lunar.

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