quarta-feira, 22 de abril de 2009

A mudança.




















Mudança é o que impera. Só há mudanças. Determinado processo iniciado hoje, de certa forma, nunca terminará, pois tudo o que se seguir após seu início ainda será o processo, desde que tenha relações com a época em que foi iniciado. Ou seja, todo e qualquer processo estará sempre sujeito a mudanças. Dessa forma, é possível dizer que não existem fins, mas sim e sempre, novos começos, os quais se sobrepoem uns sobre os outros, anulando assim, de certa forma, o que havia começado ontem.
Visto que a vida segue, da mesma forma acontece com tudo o que existe, ou seja, as coisas seguem. É fácil notar esse fato analisando a lagarta, que lenta e curiosa, com suas cores vivas, jamais deixa de ser lagarta pois em um momento caminha, no outro ela descansa dentro do
casulo, e após adquirir vontades indomáveis, a lagarta sai voando, mais colorida e deslumbrante. Não notei nesses processos o fim de nada, notei apenas começos sobrepostos. Notei o começo da lagarta, o começo da pupa, o começo da borboleta, e depois, o começo de um mundo sem a borboleta.
Assim, o êxito é na verdade, não a conquista de algo específico, mas sim, o êxito trata-se da perseverança, a vontade de ser sempre mais do que se é no momento atual. Dessa forma, o
êxito é a condição de estar sempre em mudança, de acordo com as situações impostas. Por isso,
não se deve ser forte, pois a força sempre será relativa, existirão coisas mais fortes.
Deve-se sim, ser flexível, pois dobraremos de acordo com as mudanças, e após, retornaremos ao
equilíbrio, estando mais fortes, mais resistentes, mais calejados.
Jamais teremos tudo, pois ao buscar o que não temos, podemos perder o que temos. Assistimos
a isso quando vemos os aviões decolarem, conquistando o céu, e perdendo o chão. Sempre seremos pobres, pois por mais que tenhamos, sempre estaremos sujeitos a perder. Os capitalistas ricos, tem o dinheiro como riqueza, os colecionadores tem como riqueza, suas coleções, cada um tem algo de importante, sendo que uns visam mais determinadas coisas, mas cada riqueza existe em porções diferentes, em diferentes seres, que sofreram diferentes mudanças, ao terem diferentes êxitos. A verdadeira riqueza, então, consiste não no que temos, nem no que queremos ter, mas sim, no valor que damos aos objetos, pessoas, coleções, dinheiro, palavras, que temos e que não temos. Sempre seremos pobres de alguma coisa, pois um capitalista pode não ter amor, um materialista pode não ter amigos, os colecionadores podem não ter outra coisa, se não, suas coleções. Visar sempre não só o que nos faz rico, mas também o que nos torna pobres, é a humildade. É saber o que foi, o que é, o que pode ser, e o que sempre será importante, sempre vendo no que somos ricos, e no que somos pobres.
O tempo sempre morre e nasce, instantâneamente. E dessa forma, se estende infinitamente, sofrendo a mudança cruel de nunca ser o mesmo que era. Na verdade, nem sei se o tempo pode ser algo, acho que o tempo é a flexibilidade onipotente e onipresente, que faz, ou melhor, que nos
força, a ser tão flexível quanto ele. O tempo não tem coração, pois este, é o sinal fixo de inflexibilidade. Quem tem coração, carrega para sempre os tempos que já morreram.
Então, no processo de sempre seguir em frente, de sempre mudar ou ser forçado a mudar, de sempre ter que esquecer coisas, nesse processo buscamos o êxito no equilíbrio entre saber esquecer o que deve ser esquecido, e levar por dentro, o que deve sempre ser vivido, recordado. Ao ir sempre em frente, substituimos nosso coração por pedaços de pedra, e assim temos um equilíbrio entre o valor que possuímos, e o valor que atribuimos. Cada pedra, é o valor que não recebemos. E o que restar do coração, são os que amamos e que, reciprocamente, nos amaram. Levando nossos corações, e deixando os deles.

Um comentário:

Anônimo disse...

Saudade desse cantinho do bid