Quando eu impratico
gesto ou qualquer prática
adormecem na aspereza implacável
consequências de uma sobriedade pragmática
não sou algo
e algo me é
talvez eu seja uma consequência
que alguém lembrou
e então vivo por um instante
de setenta e três anos
e não me lembrem com a memória
tornem-me imemorável
não sou cotidiano, me assoprou o vento
onde os minutos falecem
de tão banais
se impratico essa prática
deixo de ser quem sou
passo a ser - de novo - alguém
que uma intenção recordou
porque se lembro, logo esqueço
e dependo de um esforço linear
que parte-se em dois
mas se recordo, reaprendo
sem palavras para explicar
me atinge, de súbito, um intento
aí não existo: passo a ser um lugar
disfarçado de endereço
convido-me a entrar
sou dessa casa, as paredes
que mudas
estão sempre a me espreitar.
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