quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A desculpa.
















Toda beleza
é inesperada
onde menos se procura
é mais encontrada

Penso agora
beleza minha qual seria?
a de viver?
a de existir?

Jogo fora
tristeza minha que queria
me entorpecer
me extinguir

Volta e meia
me domina a avidez
errei ontem, errei hoje
errarei amanhã, talvez

Se pudesse com certeza
de alguma forma lhe mostrar
o que sou está no espelho
por dentro de mim
e espalhado no ar

Queria até, quem sabe
ter mais senso
pois nesse tempo que me cabe
só resta fazer o que penso

Tantas vezes
revelara-se a verdade
e num salto
escapara de minhas mãos
misturando-se com a realidade
que não é dos sãos

Nessas grandes possibilidades
com caminhos entrelaçados
deixei de acertar
porque o mais fácil, era o errado

Então se em algum minuto
transformei-me em engano
lhe peço mil perdões
por errar ontem, por errar hoje
e por ser humano.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A fraternidade.














O melhor presente
aqui me foi dado
ando e carrego comigo
os nomes que fazem de mim
um louco felizardo

Me levaram à sitios
me trouxeram de volta
me apresentaram sons
trabalham na minha escolta

Sempre que por ali
penso que posso andar
pois logo que me distrair
eles,
meus passos vão retomar

Me escondo por semanas
e toda vez que apareço
brindam-me com abraços
e aperto de mãos
ao meu redor não esqueço
pois nele sempre existirá
meus eternos irmãos.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A libertação.















Solto a primeira nota
que vai marchando
firme e forte
soldado da tropa

Hoje é flauta
ontem foi piano
amanhã o que falta
é sair sambando

Pude ver certamente
ao abaixar as teclas
emitia um som reluzente
os objetos dançavam
e felizes eram
ao me ver contente

Humildade não há maior
que as teclas do cravo
me tratam como major
e comportam-se como cabo

Abaixam-se para propagar
a melodia que imaginei
reverenciam-se assim
como um sudito ao seu rei

Acho que já provado
não há sonho maior
do que ser transformado
em nota de escala menor

E de maneira similar
me curvo para a nota
tentando ser livre
sem sair da toca

Posso me dobrar de curvar
e ter a cabeça nos pés
e nunca serei como você, oh nota
livre como és.

domingo, 11 de outubro de 2009

A moeda.

















Nos tempos ociosos
que vivi ontem e antes
itens preciosos
revelaram-se brilhantes

Mesmo vivendo só um lado
entendia que o outro
deveria também ser abraçado

Se o todo deixa de envolver
logo decresce no equilíbrio
que em tudo vive
para nos fortalecer

Na volta do expediente
ônibus me conforta
sinais defeituosos
rua torta

Em cada estradinha deserta
que passava correndo
enxergava a invisibilidade desse mundo
aos poucos morrendo

Na lombada
ou por cima da pedra
percebo e emocionado penso:
aqui está Deus,
no outro lado da moeda!

sábado, 3 de outubro de 2009

Norte sulista.




















Acordei pedindo informação
cadê meu norte?
cadê meu norte?
sem ele não tem jeito, não

Passei o dia sem explicação
cadê meu norte?
onde está meu norte?
sem ele - sem orientação

Passei o dia com a testa na mão
cadê meu norte?
cadê minha sorte?
sem ele
perco a direção

Levantei num susto
pra atender o portão
era o mensageiro dizendo
que meu norte foi pro sul
passar as férias de verão.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Jardim roubado.

















Ai, minhas flores
levaram ontem
levaram hoje
chorei horrores

Aguardei na varanda
no cantinho
onde sempre sento
observando o que restou
balançar com o vento

E ela veio
na hora de dormir
pegou uma, duas, eram três flores
e resolveu sumir

Elas se foram
na hora de ir
um, dois, três amores
contentes por existir

A ladra voltou
começou a reclamar
disse que as flores plantou
para vê-las murchar

Prosseguiu assim
dizendo fazer-me um bem
levara minhas flores
e as de mais ninguém

Olhei em seus olhos
tinhamos o jardim
eu, a beleza do começo
e ela, o alívio do fim

Juntos somos por inteiro
aquele nosso jardim
dele, tens uns pedaços
e eu, o cheiro da jasmim

Me leve daqui também
aproveite a prima-vera
você me assiste ser
enquanto lembro como eu era

Levara-me dali
contente do que fez
toda hora sorri
por ter o jardim outra vez.