sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Das desfeitas.




















Agiram embaixo do carpete
um deus de poeira, mas que tudo pode
mas que tudo vê
ergam-se as toneladas de concreto
e os arranjos de ypê

Ainda que seja ao acaso
concederam-me você
quantos saltos a saltar!
quantas casas a erguer!
o que é, se não um arquiteto?
O que sente e o que quer?
de onde veio, se não
do mais alto teto?

Sou humano, apenas
e a desfeita, intrinseca
onde construir todas essas casas?
Não me veja demasiado insano
só porque assustaram-me tuas asas.

domingo, 13 de novembro de 2011

Breve história.

















Os livros no armário
talvez fosse uma Quarta-feira
ou um fim de mês, sem dia
um jogo de letras
uma casa de lego
uma lagartixa sem rabo

Talvez Sábado
porque o chão era quente e de cimento
e espalhava um soldado
carros e cartas
e o resto da tropa
recebeu um aumento

Continuei e a noite escureceu
levantamos desconsertados
o rabo da lagartixa cresceu
plantaram-se os medos

Feitos de perigo
mas a vida que lhe era,
não está nos brinquedos
tampouco comigo.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Paladar paladino.















Porque a ciência é um bardo
e é também um meio riso
capenga de lado a eficiência
afoga-se por completo o juízo

Ao miolo do pão - o céu da boca
mastiga, agora, determinado
o meio do seu planeta
que navegue o gosto de terra
e deixe inebriado
teu paladar recém-nascido
e tua língua adormecida
de um humano mal-criado

Deixa que encerre tua fome
e que germine a tal árvore!
uma ânsia o fará regurgitar
e consumir tudo sem nome

A dor do seu parto reinará
na forma de um mundo bem redondo
levanta logo do presente
e desvenda que o sigilo circunscrito
e a tua verdade tangente

Não é mais que uma semente
e nada de humano lhe caberá
tornarás como miolo entre o dente
para tão somente outra vez germinar.

domingo, 24 de julho de 2011

A primeira lucidez: quando baila o grão, desperta o louco.

















Em um deserto moravam dois sultões: Jamir e Jeishou, cada um dono de uma das duas únicas fontes de água potável de todo o local desértico. Jamir morava no começo do deserto, e Jeishou, já no fim, quase na floresta. Boatos corriam, dizendo que a água da fonte no fim do deserto é a melhor água dentre as duas, e que a primeira fonte, logo no começo, possui boa água, mas que vale caminhar mais alguns dias e noites para mergulhar no poço das águas mais distantes. Angustiado e revolto em suposições, Jamir, dono da primeira fonte, dirigiu-se até o palácio do segundo sultão, colheu com uma taça por ele mesmo trazida, a água jazida no poço, e depois de um gole diminuto, disse em voz alta:

 - É a distância da fonte que qualifica a tua água! Seu produto é primordial para a vida, e atua com ótima mira quando a sede torna-se angústia. Vendes tua água como o êxtase desse deserto, mas não passa de um alvejante! Coloca nossas fontes lado a lado e assiste evaporar seu produto!

Sem muito pestanejar, Jeishou retrucou:

 - De fato é longa a travessia para quem vem do leste, rumo às casas nos baobás. Mas se retornam da floresta, esses nômades e peregrinos, a última fonte passa a ser a sua, não mais a minha. Então cuida pra tua fonte não secar, pois os sem caminho voltarão sedentos!

 - Mas o que tanto buscam nessa floresta, óh, deuses?! - indagou Jamir.

 Então Jeishou disse:

 - Dizem que no meio da floresta, depois da queda d'água e da correnteza do rio, tem uma clareira, e nessa clareira tem uma adega, e nessa adega rezam servir o melhor vinho da região!

 - Mas nem é lá essas coisas o vinho - argumentou Jamir, meneando a cabeça - ja provei do vinho que falas, e minha água parece ter mais gosto!

Jeishou prosseguiu:

 - Não sei ao certo, mas dizem que a uva utilizada não é daqui, mas de muito longe,conservada de forma única e especial. Mas ainda assim, tenho minha própria opinião: já atravessam o deserto embriagados, os que buscam a adega! Depois de tanto mexer nas nuvens, dói-lhes a cabeça em demasia ter que pisar em terra firme. Por isso não cessa a travessia por esse deserto, Jamir! A embriaguez é a última escolha dos sem caminho! Por isso não se encerra o ir-e-vir desses lunáticos! Retornam e retornam, e só fazem retornar.

 - Sabe o que me alivia, Jeishou? - indagou Jamir
 - É que todo esse deserto escorre no vão de minha ampulheta!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Das alvoradas.





















Na parte interna das palpebras
é onde habitam teus sonhos
portanto, abaixa essa cortina dos teus olhos
perece por um momento de oito horas
e vede: como brilha a tua cortina!

Acorda depois na teia do susto
e descobre que o brilho era manhã
e já permeou todo céu
parece até que duram, os sonhos!

E a leviandade?
desfralda e acode a tua bandeira
pois logo vem o entardecer
e o vento volta do mar
com as oferendas e os barcos de papel
renda-se e vê tua garganta emudecer!

Pois lhe falta a força no salto
perdera-se nas seguidas reverências
agora esmaece teu joelho
já é tarde há muito
ajoelha de vez
ou levanta como a manhã!

Observa do alto teu corpo
uma casca, em eterna conjugação
ressonando em uníssono o baque
de prostrar-se de cócoras
que te saltem as idéias!
por sobre a nuca

E que teu lírico decole
com algo mais que a necessidade
desgruda tua casca do chão
e que molde numa flecha
setenta palavras irredutíveis
em um gesto curto de uma só ação.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O idiotismo - Eram deuses, os idiotas?














 





  O homem, depois de assim o ser, necessita de um tempo passado, do qual possa dizer de onde veio. Quando concretiza sua falha, consequência natural de sua busca, cria - ele mesmo - um sistema superior, onde insere seus receios, enganando-se ao pensar que as respostas serão dadas como mérito de sua covardia.  Existir é demasiado fácil. Ser algo palpável ou plausível, ser algo que soe como um som audível em horas rotineiras: isso é um desafio. Não em si, mas por submeter a capacidade de escolha à vontade de querer. Isso, porque "a escolha" é sucessora da vontade. E não há vontade na existência. Só há vontade na ação - e toda ação é uma escolha - e a escolha é o homem num segundo.
  Temos muitas vontades, e a mais fraca cria deus - o resolvedor de problemas. Deus, enquanto certeza, enquanto peixe vendido, enquanto não for questionado sobre sua estrutura, suas "escolhas" - porque a necessidade do homem em tê-lo, o fez a sua imagem e semelhança - será um deus estagnado. Algo como uma divindade que paira sobre a água morna de uma poça meio lamacenta. Só uma vontade pequena cria tal deus. Para essa situação, deus é produto da má vontade nos homens. Esse deus só nasce quando o homem conforma-se em existir, apenas.
  Em certa análise, deus é um charlatão: um pensamento idiota cria um deus idiota. E a criatura pensante (de pensamentos toscos) torna-se deus de seus próprios pensamentos, e cria um ser a parte, esquecendo-se de seu ato. O idiotismo consiste na ignorância: ignora-se a mente e a consciência. Nessa linha, a consciência só tem como papel o pesar de pecados. O idiotismo é, em resumo, a desconsideração do homem como ser responsável por seus próprios atos. Agir, isso sim, é uma responsabilidade da realidade humana. Mas o homem não suporta ter que agir, e por isso monta um deus a parte de ações. Um deus charlatão é um fruto ignóbil de uma ideia insensata, e tal deus é tremenda irresponsabilidade da consciência humana. Tal deus não existe, pois recuso-me a aceitar insultos. Em um futuro próximo perguntarão: "Eram deuses, esses idiotas?". Sem muito penar por cima dos fatos, a resposta lhes será revelada: "...eram deuses. Deuses de sua própria estupidez".

sábado, 2 de julho de 2011

Vontade de agora.

















No dia trinta de Junho, precisamente
o Sol não nasceu: materializou-se no alto
às sete e cinquenta e três, junto com a névoa e com o pão
a linha tênue da ação não pertencente
fio de seda estremecendo vivo, completamente abalado
na existência do mesmo ar respirável
aparentava-me já em desmanche
meu limite ultrapassável

Pois é necessário
elevar-se em conforto
assim faz o sensato: rumo à idéia
Quando dois contrários
posicionam-se em confronto
atua ali, o caos: gera o fruto
e como o bom urso, devora-se o mel da colméia

Ainda que envolto em contradições
as dúvidas enxotam as certezas
o piso é firme
a corda é bamba
faço que vou, mas fico - e a corda alucina-se
no drible dos meus pés
sapateia o samba das minhas escolhas

Que soberba
mas ainda reluz o objetivo
deve-se amar o processo - assim grita teu verbo existir.

domingo, 26 de junho de 2011

O primogênito.















O primeiro mudo
calou-se por escolha
ao testemunhar a verdade

Seus descendentes agora
têm o vigésimo primeiro cromossomo
emudecido e mestrado - a lei de suas cordas vocais

O quadragésimo quinto cego
tapou-se por opção
ao enxergar a verdade

Agora - então - vivemos a verdade sob julgamento:
vista pelo mudo
ouvida pelo cego
e santificada pelo tolo

Palavras, gestos
sons, prefrências
restos
vivemos uma verdade inventada.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Dançarinos da incoerência.




















A lua em "c" corta como foice
o céu duvidoso, em algazarras
meu semblante intacto feito "p"
de prostrado, no insano outono
aguarda, mas compõe hieme non
com gelo e estrelas, "equitat"
dignos dos sensatos sem dogma
egoístas, banhados em Almadén
brincaram no salão que foi-se
e foram embora em um só salto.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O equivoco.


Quando o sistema é falho
o erro é terceirizado
a culpa, distribuida
o dinheiro, lavado
o sono, mal dormido
as horas, mal passadas
o testa-de-ferro, demolido
os juízes, extraviados
o ideal, vendido
o valor, comprado
o usuário, iludido
e o negócio, fechado:
a esperança amadurece
o ser humano não é
e a novidade está atrasada.

terça-feira, 3 de maio de 2011

A alteração.




















Em um estudo metódico
foi alimentar, sair de casa
trabalhar e viver entre cada instante desses - e até agora
sem motivos comprar uma cerveja cara no posto nada conveniente
em cima da Avenida das Américas
que passavam carros laminados
cortando o ar sem por quê
que peguei uma carona
e parei na Dias da Cruz
onde passei sem fome pela padaria
e estacionei eufórico entre meus semelhantes
para misturar vinho vodka e cerveja, um pouco de cada
dentro do mesmo estômago
e antingir níveis indecifráveis de consciência
sem qualquer contagem progressiva
inventar dialetos indizíveis
e depois expulsar tudo em forma de desespero
para tornar possível o entendimento
e ver o que a mente fez com meu corpo - eterna marionete do viver.

domingo, 1 de maio de 2011

Atropelamento retilíneo puntiforme.

Palavras pesadas











Comecei acordando,
e já na hora de sair,
fui correndo, aos poucos, e com pressa
com sono, com muita vírgula, com controle
cheguei no ponto, que era do ônibus
e fiz sinal, com a mão
que, sem querer, pro alto apontou
foi quando vi um traço rápido,
um corte na estampa atmosférica,
e não sei o que é, até agora,
mas acho que aprendi, se me permite explicar
e deixei de lado as vírgulas
tanto que só uso algumas
até quando não precisa: ,
sendo assim e tão rápido
aprendi controladamente a perder o controle
e sair correndo pro ponto do ônibus e trem das sete
para o táxi de qualquer minuto e a barca do cais
para a corrida para o abraço girante que não para
gira no giro da virada na esquina
e o abraço no fim é despedida
agora minhas vírgulas na gaveta
pegam poeira e estão usadas
velhas retorcidas
amareladas
para até que em fim e exausto
meu ponto final tenha sentido.
e que seja humilde e reconheça
a avalanche progressiva
de mil e tantos caracteres alucinados e tropeçantes
trotando como loucos sem estribeiras
para a historia inebriante
que existe no ponto de partida

sábado, 30 de abril de 2011

Um lapso de resumo: o simples.
















Escrever não cansa
o que cansa é procurar
muitos temas, muitos temas
nenhum sobre o qual queira falar
até que veio a idéia
dentro de um copo com café
empurrava a fumaça - que não entendeu nada
rumo ao teto ocre de uma cozinha pequena
enquando eu olhava hipnotizado
o ladrilho ao lado da geladeira:
o ladrilho era um
eu, café, fumaça, três
o ladrilho era um
e nele vi a cozinha inteira.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Análise da eternidade - um ensaio sobre a abstração.

Pensando Alto


















Entendo por ser humano, o ser que é construído de forma ritmica e aleatória, originário de movimentações caóticas de diferentes dimensões - dentro e fora do tempo - e que tem como principal característica, conectar o universo com o mundo que construiu, utilizando a mente que, por sua vez, expressa em forma de sentimentos tudo aquilo que foi criado na conexão instantânea do corpo com o universo que o cerca, embarcado na consciência.
Seres humanos vivem em grupos e compartilham informações e sentimentos uns com os outros.No compatilhar de informações e sentimentos, o próprio homem criou - com fundamentos deduzidos por ele mesmo - regras, protocolos que padronizam a existência social, dita como a intensa relação entre cada indivíduo com todos os outros, e com ele próprio. Todavia, a construção de regras é, ao mesmo tempo, a criação de exceções. A gênesis daquilo que é construido pelo homem tem essa característica intrinseca de nunca ser absoluto. O padrão, o original, o objeto real, o foco, vem sempre acompanhado de seu inseparavel e inevitavel segundo valor - o complemento. O complemento é a expressão do universo, tremendo resquício da ação com que a natureza (o correr natural dos fatos) age sobre o que nasce dentro dela. Assim como a água transborda de um recipiente onde algo mais é inserido, a relatividade é a resposta do universo para cada pergunta que formulamos, cada objeto que criamos, cada estudo que idealizamos. O excesso, o transbordado,a outra parte da natureza, fica subentendida entre o nada, perdida no tempo. O ser humano tem como a mais divina obra, resgatar a expressão da natureza em relação às nossas criações, à nossa existência, e encaixa-las com a pequena realidade de nossos mundos, nosso entendimento. Existem pequenos encaixes, onde é possível ter um entendimento abrangente e momentâneo,pequenas epifanias, que podem ser alcançadas no cotidiano.E existe "O encaixe",que é a emancipação total e irreversível da mente, onde ela atinge o tamanho do infinito, e funde-se com o universo, jamais criando o individuo novamente. Nesse estágio de ser humano,o entendimento é de que não somos mais um caminho entre ser e universo, mas sim, somos o proprio universo. O homem deixa de ser conexão, e passa a ser ação. E assim - um dia - dançaremos conforme o vento que sopra entre as estrelas.
Com tudo dito até então, a criação, do modo mais genérico, é uma marcação, um tópico, um limite. A mesma epifania que cria o limite, a regra para padronizar e otimizar as complicações entre as relações humanas, é a epifania que tranca o homem dentro das fronteiras criadas - subliminar e consequentemente - por essas regras. E se o homem não dirige seus olhos para fora, é trancado pelo próprio calabouço. Esse é um exemplo pequeno, mas funcional, de que a maior parte - se não todos - dos problemas na sociedade, é criada pelo próprio ser humano. A evolução do ser humano está no caminho abstrato de transformar a conexão em ação.
Todo caminho a ser percorrido, assim deve ser feito com afinco e perseverança. E para provar mais uma vez a não absolutividade das coisas, a natureza se expressa com seu complemento: para ser o universo - através da mente - é necessário abandonar o corpo, mesmo que por instantes. Para viver o todo, deve-se começar por partes. Quando o homem mergulha inteiro em sua mente, recebe de outros seres que compartilham relações, titulos derivados do não cumprimento dos padrões e regras sociais. Erroneamente, o homem introspectivo, em profundo exercicio de ação, pode ser confundido como egoísta. E que seja egoísta, ao menos nesse ponto.
Hei de ser perdoado, pois qualquer ser que comporte galáxias em sua mente, será absolvido de intenções egoístas. Viajo trilhões de anos-luz daqui, rumo à visão privilegiada do todo. Quando ultrapassar as fronteiras que separam mente e ação - no seu sentido mais intrinseco - é certo que retornarei ao meu corpo, para expressar através de nossas pequenas palavras o quão imenso é o universo, e o quão desconfortável é ter a mente menor que Ele. Quando o universo todo - para além das galáxias e do tempo - couber em minha consciência, a criação de planetas fará meus olhos piscarem; a fornalha das estrelas queimará meu coração e ferverá meu sangue; e todos os sons terão todas as cores; e eu serei a ação; e eu serei a dança; e eu não terei mais perguntas; e o céu será meu chão. Enquanto isso, caminho com a mente de portas abertas, como um solo fértil sujeito a germinar qualquer semente que nele caia. É imensurável o ato de ser, imensurável ser o que sou. Agora encerro dizendo que carrego um pequeno motor entre os pensamentos. Um motor com algumas galáxias que - de fato - vivem em mim. Em mim o universo expressa o que quer dizer sobre ele mesmo. Sou um diálogo metafisico ambulante. E no fim, toda a nossa inteligencia torna-se risível. É tempo de ser humano.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A função.

Meu Boneco















Definitivamente, somos os pósitrons, os neutrinos, os píons e todas as particulas subatômicas que colidem umas com as outras para, no final, originarem em si mesmas. A comparação análoga, mas totalmente coerente, do mundo interno de cada um de nós, terá uma explicação perfeita - quase sempre - gravada na realidade última exterior. Jamais encerra, a energia, seu processo de transformação. Por toda a graça do universo, não somos estáticos. Enquanto particulas tem a probabilidade de serem encontradas em mais de um lugar, nós humanos temos a probabilidade de nos encontrarmos - uns com os outros - na linha do tempo. Em qual segundo, em qual milésimo seguinte terá inicio uma colisão de pensamentos? Não um debate empírico baseado em idealismos, mas vidas que, de fato, se entranham e buscam uma na outra, sua prórpia explicação. Sair de casa para procurar a si mesmo pode até fazer sentido. Quando no tecido espaço-tempo haverá um sentimento semelhante ao do mundo minúsculo das particulas? Porque sem dúvidas há um sentimento nelas. Quando e em que embate de pensamentos serão descartados as regras da sociedade e o egoismo? Talvez não desistir seja a verdadeira escolha, mas não porque é bonito. Sendo pragmático e agnóstico, não desistir simplesmente nos faz preencher todas as tentativas existentes nas probabilidades. É fato que, se tentarmos, iremos conseguir. Então são números? Porque se somos cercados e banhados pelo tempo, só cabemos nele, e só nele é possível realizar feitos. O que há para temer? Nossos propósitos estão bem guardados e protegidos pela fronteira do tempo. Dentro dele, tudo é possível. Guarde seu medo para o inexplicável, pois enquanto usarmos os números para expressar nosso conhecimento, todo resultado existirá. Não sabemos hoje, qual será a consequencia dos dados rolantes. Mas acredite, os dados estão rolando, e nunca param. Um segundo pode ser breve o suficiente, mas é sempre menor que o posterior, que intercepta nosso caminho como uma montanha nos olhos de um anão. Só podemos ver o agora. Então entram os números, projetando os possíveis resultados e consequencias por cima desse imenso segundo instantâneo. São úteis os números. São mágicos e coerentes. Todavia não podem expressar sentimentos. O sentimento é a conexão instantânea do seu interior com seu ponto equivalente no universo exterior. Quando reconhecidos, revelam-se um ao outro, e em um looping reflexivo, nascemos para o infinito - na eterna apresentação entre brahman e atman. Em última análise sou um número, pertencente ao conjunto dos desvairados, representado pela letra L, onde minha existência é dada pela função F(x)= x sendo x um número desvairado: {x Î L|L=∞<=>F(x)=x}.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A idéia.

Epifania


















Inevitaveis vácuos separam
a criação de nossas estradas
caminhos com esquinas refletidas - segue pra direita, meu amigo
e eu sigo por aqui
onde a curva dobra por cima do impossível

Escolha sua pergunta principal
e talha com força
no Deus que te guarda
quanto vale um "por quê?"
e a rima surge, fundamental

Conhecem as anti-estradas?
que nos suspendem no ar
caminhos de Moebius
é todo ele, um meio caminho

Mas é magnífico e inexplicavel
acordar no salto quântico do titulo
que caminha num rastro invisível
onde permeia por todas as partes
alcançando - nunca tarde - a prosa irreversível.